Intercâmbio em Barcelona (P2)

Por: Renata Mello

DSCN5122

Foto: Arquivo pessoal – Renata Mello, 2019

PORTUGUÊS

O ato de viajar sempre foi e será um convite para expandir horizontes, para sair da rotina diária e se aventurar em um mundo novo. Foi neste processo de descobertas que Renata se envolveu. Esta publicação apresenta a segunda parte dos desafios e conquistas vividos por ela, durante o intercâmbio em Barcelona que ocorreu entre outubro de 2018 a março de 2020. Leia a seguir o seu relato:

Eu gosto de dividir essa viagem em dois momentos. O primeiro marcado principalmente por um processo de adaptação cultural, somado aos estudos do mestrado e ao processo de autoconhecimento com a coach, que compreendeu entre outubro de 2018 a julho de 2019.

O segundo momento se iniciou em setembro de 2019, logo após um período de férias no Brasil. Meus objetivos eram de concluir o trabalho da coach, estudar espanhol, praticar esportes, buscar uma colocação profissional e de viajar pelo país.

Para que tudo isso fosse possível, precisei renovar minha autorização de permanência por mais um ano. Alterei meu visto de estudante para outro que me permitia buscar trabalho. Confesso que durante esse processo de atualização fiquei um pouco tensa. Eram tantos documentos para comprovar a minha sustentabilidade financeira, somado ao pagamento de inúmeras taxas, que me geraram um certo desgaste físico e emocional. Só quem já passou por isso, compreende essa angústia pré-visto.

Durante este processo, descobri que minha autorização de permanência na Espanha me enquadrava como profissional altamente qualificada e que só poderia atuar no setor Cultural, que era o que havia estudado nos últimos meses. Acrescido a esse “detalhe” que já me restringia profissionalmente, também não poderia ocupar a vaga laboral de nenhum espanhol. Enfim, as barreiras eram quase intransponíveis para o trabalho, mas segui com fé até o último dia. Infelizmente não encontrei uma maneira de me inserir regularmente no mercado profissional.

Posso dizer, que as regras para estrangeiros são realmente muito restritivas, principalmente quando você não possui um passaporte europeu. Ter uma boa qualificação profissional, não é o suficiente!

Paralelo aos trâmites consulares, atualizei meu currículo, me inscrevi na academia e no curso de espanhol. Essas foram as primeiras ações, assim que retornei. Queria criar uma rotina saudável! Passei a praticar esportes duas a três vezes na semana. Comecei a comprar alimentos sem agrotóxico e busquei cozinhar minha própria comida.

Até comprei panelas e um fogareiro para cozinhar no quarto. Exatamente isso! Minha casa era composta por um quarto, banheiro e uma pequena varanda. Não havia cozinha privativa, só uma coletiva no térreo. Por isso precisei criar uma cozinha móvel dentro do meu quarto para ter um pouco de qualidade alimentar. Mesmo com espaço bem restrito, eu amava o meu habitat. Saudades do meu quarto, o amado 422.

Para me incentivar na produção gastronômica, comprei uma panela de baixa pressão cor de rosa. Eu sou apaixonada por essa cor e toda vez que olhava minha panela colorida, ficava empolgada para cozinhar nela. Tive que adotar estratégias de psicologia comigo mesma e vi que funcionou superbem!

Outra decisão acertada foi ter me inscrito no curso de espanhol. A professora não queria me colocar na turma, dizendo que estava acima do nível básico 3, mas eu quis assim mesmo. Esse local não tinha cursos intermediários, mas era muito próximo da minha casa e pela praticidade resolvi frequentar as aulas.

Acho que esse foi um dos grandes presentes do intercâmbio. Comecei a estudar em uma classe com pessoas de vinte nacionalidades diferentes e conforme foi passando o tempo, me dei conta de que não havia muitas diferenças entre nós. Os sonhos, os medos, a ânsia de transformar o mundo eram pontos em comum. Eu confesso que fiquei maravilhada com essa descoberta de que não importava a origem, em essência éramos todos iguais. As fronteiras eram ilusórias.

Conheci pessoas incríveis nesta turma! Grande parte dos meus companheiros de estudo já haviam realizado inúmeras viagens pelo mundo ou mesmo já haviam morado em vários países. Por tais feitos, possuíam uma cabeça muito mais aberta a diversidade. Estavam mais conectadas as pessoas do que com uma nação em específica, se transformando em cidadãos do mundo. Como aprendi com essa rica experiência.

Outra surpresa positiva desta fase foi a de encontrar o “Grupo de Mulheres do Brasil em BCN”, associação destinada a apoiar as imigrantes brasileiras residentes na cidade e arredores. A base do trabalho era toda voluntária e cada uma se agrupava a partir de seus interesses e habilidades.

Logo me identifiquei com a proposta e me tornei uma delas. Junto com a Bruna, por exemplo, passei a liderar o comitê de cultura e pouco a pouco fomos organizando eventos e planejando as ações para 2020. Foi uma vivência maravilhosa e extremamente enriquecedora. Conheci mulheres incríveis!

Juntas, nos tornamos mais fortes! Começamos a crescer dentro da sociedade catalã através de importantes parcerias com empresas locais. Tudo isso em tão pouco tempo! Sinto muita alegria e satisfação por ter contribuído neste trabalho que tem como nobre propósito o de acolher e empoderar a imigrante brasileira, colocando-a como protagonista dentro de seu meio.

Além disso, ganhei mais presentes da vida. Fiz outras amizades especiais, tais como, com meus vizinhos de residência, com meu amigo gestor cultural do México, com meus companheiros do mestrado e seus namorados, com meu professor preferido do mestrado, com minhas amigas intelectuais brasileiras, entre tantos outros que me acolheram com palavras de amor e carinho, ou mesmo com um abraço sincero.

Outra coisa mágica que aconteceu neste período, foi o de reencontrar amigos muito antigos que fazia anos que não nos víamos. Foi o caso dos encontros históricos com a amiga venezuelana Manena, com o amigo mexicano, Juan Carlos e com o francês, companheiro de aventuras, Nicolas. Como poderia imaginar que Barcelona seria o ponto de convergência de tantas conexões afetivas!

Quantos milagres! Quantos presentes! Como não agradecer tudo isso! Obrigada ao universo por todas essas experiências que me enriqueceram a alma. Viver em Barcelona não foi fácil! Enfrentei inúmeros desafios internos e externos, mas evolui muito como pessoa. Me emocionei com a generosidade humana!

Também recebi visitas e conselhos de amigos queridos que já me conheciam de longa data. Como foi importante todas essas conexões! Meus amigos brasileiros também me acompanharam de perto. Mesmo estando longe fisicamente, não estava desconectada deles.

E minha família? Lógico que eles gostariam que eu não estivesse longe, mas eu não estava. Falava constantemente com eles por telefone em longas chamadas de vídeo. Acompanhava suas histórias e conquistas mesmo vivendo em outro país. Eu sei que para eles a minha ausência foi a mais difícil, mas eu precisava construir o meu caminho. Minha alma pedia expansão e eu segui esse chamado.

Alguns poderão me perguntar e o trabalho da coach? Você terminou? Eu concluí 85% do meu objetivo. Tive que efetuar uma pausa. Nem sempre foi possível permanecer em estado introspectivo. Necessitei agir em muitas circunstâncias externas e não podia seguir canalizando minha energia para dentro. Como os espanhóis diriam: Não passa nada!

Esse processo de autoconhecimento continua pela vida. Essa permanência em Barcelona fez parte de mais uma etapa nesta viagem! Não mencionei muito sobre as viagens físicas que realizei, pois elas formam parte deste cenário de tantos aprendizados.

E o futuro? Eu ainda não sei. Ficarei no Brasil? Morarei em outro país? Não estou preocupada com isso agora, sei que dia a dia me preparo para atuar neste novo mundo e irei para onde for necessário o meu trabalho.

Por fim, quero agradecer a você, leitor!

Obrigada por viajar comigo nesta história. Até a próxima!

Intercambio en Barcelona (P2)

Por: Renata Mello

ESPAÑOL

El acto de viajar siempre ha sido y será una invitación a expandir horizontes, salir de la rutina diaria y aventurarse en un mundo nuevo. Fue en este proceso de descubrimientos que Renata se involucró. Esta publicación presenta la segunda parte de los desafíos y logros experimentados por ella, durante el intercambio en Barcelona que tuvo lugar entre octubre de 2018 y marzo de 2020. Lea su historia a continuación:

Me gusta dividir este viaje en dos momentos. El primero estuvo marcado principalmente por un proceso de adaptación cultural, agregado a los estudios del máster y al proceso de autoconocimiento con la coach, que comprendió entre octubre de 2018 y julio de 2019.

El segundo momento comenzó en septiembre de 2019, justo después de unas vacaciones en Brasil. Mis objetivos eran completar el trabajo de coaching, estudiar español, practicar deportes, buscar una colocación profesional y viajar por el país.

Para que todo esto fuera posible, tuve que renovar mi autorización para quedarme por un año más. Cambié mi visa de estudiante por una que me permitiera buscar trabajo. Confieso que durante este proceso de actualización estaba un poco tensa. Había tantos documentos para demostrar mi sostenibilidad financiera, además del pago de numerosas tasas, lo que generó cierta tensión física y emocional. Solo aquellos que han pasado por esto, entienden esta angustia antes de obtener la vista.

Durante este proceso, descubrí que mi autorización para permanecer en España me clasificó como una profesional altamente calificada y que solo podía trabajar en el sector Cultural, que era lo que había estudiado en los últimos meses. Además de este “detalle” que ya me restringía profesionalmente, no podía ocupar la vacante de trabajo de ningún español. De todos modos, las barreras eran casi insuperables para el trabajo, pero seguí con fe hasta el último día. Desafortunadamente, no encontré una manera de ingresar al mercado profesional regularmente.

Puedo decir que las reglas para los extranjeros son en realidad muy estrictas, especialmente cuando no tienes un pasaporte europeo. ¡Tener una buena calificación profesional no es suficiente!

Paralelo a los procedimientos consulares, actualicé mi currículo, me inscribí en la academia y en el curso de español. Esas fueron las primeras acciones, así que regresé. ¡Quería crear una rutina saludable! Empecé a practicar deportes dos o tres veces por semana. Comencé a comprar alimentos sin pesticidas e intenté cocinar mi propia comida.

Incluso compré ollas y sartenes para cocinar en la habitación. ¡Exactamente eso! Mi casa constaba de un dormitorio, baño y un pequeño balcón. No había cocina privada, solo una colectiva en la planta baja. Así que tuve que crear una cocina móvil dentro de mi habitación para tener algo de calidad alimentaria. Incluso con espacio limitado, me encantaba mi hábitat. Echo de menos mi habitación, la amada 422.

Para animarme en la producción gastronómica, compré una olla rosa de baja presión. Me encanta este color y cada vez que miraba mi olla de color, me invitaba cocinar en ella. ¡Tuve que adoptar estrategias de psicología conmigo misma y vi que funcionó de manera excelente!

Otra decisión correcta fue inscribirse en el curso de español. La profesora no quería ponerme en la clase, diciendo que estaba por encima del nivel básico 3, pero yo dice que quería de todos modos. Este lugar no tenía cursos intermedios, pero estaba muy cerca de mi casa y por razones prácticas decidí asistir a clases.

Creo que ese fue uno de los grandes regalos del intercambio. Comencé a estudiar en una clase con personas de veinte nacionalidades diferentes y, con el tiempo, me di cuenta de que no había muchas diferencias entre nosotros. Los sueños, los miedos, la necesidad de transformar el mundo eran puntos comunes. Confieso que estaba encantada con este descubrimiento de que no importaba de dónde viniéramos, en esencia todos éramos iguales. Las fronteras eran ilusorias.

¡Conocí gente increíble en esta clase! La mayoría de mis compañeros de estudios ya habían realizado numerosos viajes alrededor del mundo o incluso vivido en varios países. Para tales logros, tenían una mente mucho más abierta a la diversidad. Ellos estaban más conectados con la gente que con una nación específica, convirtiéndose en ciudadanos del mundo. Como aprendí de esta rica experiencia.

Otra sorpresa positiva de esta fase fue encontrar el “Grupo de Mulheres do Brasil em BCN”, una asociación diseñada para apoyar a las inmigrantes brasileñas que viven en la ciudad y sus alrededores. La base del trabajo era voluntaria y cada persona se agrupaba frente a sus grupos de intereses y habilidades.

Luego me identifiqué con la propuesta y pronto me convertí en una de ellas. Junto con Bruna, por ejemplo, comencé a dirigir el comité de cultura y poco a poco fuimos organizando eventos y planificando acciones para 2020. Fue una experiencia maravillosa y extremadamente enriquecedora. ¡Conocí mujeres increíbles!

¡Juntos, nos hacemos más fuertes! Comenzamos a crecer dentro de la sociedad catalana a través de importantes asociaciones con empresas locales. ¡Todo esto en tan poco tiempo! Siento mucha alegría y satisfacción por haber contribuido a este trabajo, cuyo noble propósito es acoger y empoderar a las inmigrantes brasileñas, colocándolas como protagonistas dentro de su entorno.

Además, recibí más regalos de la vida. Hice otras amistades especiales, como, con mis vecinos de residencia, con mi amigo gestor cultural de México, con mis compañeros en la maestría y sus novios, con mi profesor favorito del máster, con mis amigas intelectuales brasileñas, entre muchos otros que me dieron la bienvenida, con palabras de amor y cariño, o incluso con un abrazo sincero.

Otra cosa mágica que sucedió durante este período fue encontrarse con viejos amigos que no se habían visto en años. Este fue el caso de encuentros históricos con la amiga venezolana Manena, con el amigo mexicano Juan Carlos y con el francés, compañero de aventuras, Nicolas. ¡Cómo podría imaginar que Barcelona sería el punto focal de tantas conexiones afectivas!

¡Cuántos milagros! ¡Cuántos regalos! ¡Cómo no agradecer todo esto! Gracias al universo por todas estas experiencias que han enriquecido mi alma. ¡Vivir en Barcelona no fue fácil! Enfrenté innumerables desafíos internos y externos, pero evolucioné mucho como persona. ¡Me conmovió la generosidad humana!

También recibí visitas y consejos de queridos amigos que me conocían desde hace mucho tiempo. ¡Qué importantes fueron todas estas conexiones! Mis amigos brasileños también me siguieron de cerca. Aunque estaba físicamente lejos, no estaba desconectado de ellos.

¿Y mi familia? Por supuesto, desearían que no estuviera lejos, pero no lo estaba. Constantemente hablaba con ellos por teléfono durante largas videollamadas. Yo seguí sus historias y logros a pesar de que vivía en otro país. Sé que mi ausencia fue la más difícil para ellos, pero necesitaba abrirme camino. Mi alma pidió expansión y seguí esa llamada.

Algunos de vosotros podrían preguntarme sobre el trabajo de autoconocimiento con la coach. ¿Tu terminaste? Completé el 85% de mi objetivo. Tuve que tomar un descanso. No siempre fue posible permanecer en un estado introspectivo. Necesitaba actuar en muchas circunstancias externas y no podía continuar canalizando mi energía hacia adentro. Como dirían los españoles: ¡no pasa nada!

Este proceso de autoconocimiento continuará durante toda la vida. ¡Esta estancia en Barcelona fue parte de este viaje! No mencioné mucho sobre los viajes físicos que hice, ya que son parte de este escenario de tantos aprendizajes.

¿Y el futuro? Todavía no lo sé. ¿Me quedaré en Brasil? ¿Viviré en otro país? No estoy preocupada con eso ahora, sé que día a día me estoy preparando para actuar en este nuevo mundo e iré a donde se necesita mi trabajo.

¡Finalmente, quiero agradecerle, lector!

Gracias por viajar conmigo en esta historia. ¡Hasta la próxima!

Publicidade

Intercâmbio em Barcelona (P1)

Por: Renata Mello

DSCN0825

Foto: Arquivo pessoal – Renata Mello, 2019

PORTUGUÊS

Morar temporariamente em outro país é o desejo recorrente de muitas pessoas. As razões são diversas, dentre elas, o de imergir em uma nova cultura, o de aprender um novo idioma, o de conhecer pessoas, o de realizar um curso de aperfeiçoamento ou de viver tudo isso simultaneamente.

Recentemente, a autora deste blog vivenciou essa experiencia e descreverá em primeira pessoa, suas vivencias e aprendizados em dois posts! O primeiro relato pode ser conferido a seguir:

O sonho de realizar um intercâmbio surgiu próximo aos meus vinte e poucos anos, mas devido a alguns compromissos familiares teve que ser adiado. A ideia original era estudar inglês em Londres.

Os anos passaram e esse desejo parecia cada vez mais impossível. Eu vivia trabalhando intensamente, me dividindo entre projetos de arquitetura, acompanhamentos de obra somados a ministrar algumas disciplinas na faculdade de arquitetura e design de interiores.

Eu estava muito contente com minha louca rotina, principalmente com a docência. Ficava maravilhada com o progresso dos meus alunos. Acho que era uma professora apaixonada! Não media esforços para que eles aprendessem e saíssem das minhas aulas empoderados para atuarem no mercado de trabalho.

Durante esse período que atuei como docente, me transformei internamente. A disciplina na qual ensinava sobre o universo das cores, mexeu comigo. Despertou antigos interesses que estavam adormecidos. Eu precisava fazer algo!

Na época eu fazia terapia e minha psicóloga me disse: “Por que não retoma seu sonho de desbravar o mundo e de ter contato com o universo cultural?”. Na hora fiquei espantada e depois segui pensativa. Imaginava que não tinha mais idade para isso e ela me incentivou dizendo que não havia idade adequada para realizar sonhos.

Durante três anos fiquei germinando essa ideia. Pensei em morar no Canadá para estudar inglês, mas desisti. Depois surgiu a possibilidade de estudar um segundo mestrado e eu embarquei por esse caminho.

Então, escolhi estudar Gestão Cultural na cidade que sempre me encantou, Barcelona. Era uma relação antiga de amor que nasceu em 2002 e desde o primeiro contato com a cidade, fiquei com o desejo de morar neste lugar. Como poderia imaginar que anos depois eu estaria diariamente circulando por suas ruas, desfrutando da gastronomia mediterrânea e de outras particularidades da cultura catalã.

O intercâmbio efetivamente começou depois que passei no processo seletivo para realizar um mestrado universitário. Em primeiro de outubro de 2019, cheguei sozinha a Barcelona. Nessa ocasião, sabia somente que estava matriculada na Universidade, porém não conhecia ninguém e tampouco tinha casa para morar. Os primeiros dias me hospedei em um hotel.

Pouco tempo depois, as aulas começaram em meio a busca por residência, regularização de visto e outras questões burocráticas de base. Quanta alegria, euforia e esperança misturada a incertezas.

O primeiro mês mudei de casa cinco vezes, até me fixar em uma residência de estudantes na qual permaneci até o final da minha experiencia. Os primeiros trinta dias foram tão intensos que nem senti muito bem o que estava acontecendo.

Na Universidade o espírito era de muita alegria, pois todos estavam realizando o sonho da pós-graduação. Havia alunos de diversas partes do mundo, principalmente originários da América Latina. O clima era de puro intercâmbio cultural!

Paralelo a essa atmosfera de descontração, residia em mim um certo temor em relação a conseguir realizar um mestrado em espanhol. Eu havia estudado o idioma entre meus 22 e 24 anos e naquele momento estava com 38. É fato que já não me recordava de muitas estruturas gramaticais.

Para superar esse desafio, tive que estudar MUITO! Passei inúmeros finais de semana estudando os novos conteúdos e em como poderia escrever essas informações em espanhol.  Meus cadernos sempre estavam em português e depois tinha que traduzi-los. O desafio foi em dobro.

O segundo mês do intercambio foi um dos mais difíceis, pois neste momento percebi efetivamente a mudança. Literalmente a “ficha caiu”! Sentia muita falta da família, dos amigos e do feijão. Exatamente como você está lendo, eu senti saudades do feijão. Isso foi bastante curioso, uma vez que no Brasil eu não era uma consumidora assídua. No início não sentia muita familiaridade com a comida e isso me deixava bastante abalada. Chorava muito!

O tempo passou e pouco a pouco fui me adaptando a nova realidade. O desconhecido se tornou amigável e encantador. Conheci novos lugares e pessoas e comecei a construir histórias afetivas.

Na faculdade, a euforia inicial passou e a seriedade tomou conta dos companheiros de estudo. Cada um tentou fazer da melhor forma seus trabalhos e ainda alguns tentaram conciliar com os estágios.

Naquele momento, optei em realizar posteriormente essa experiencia laboral, pois já era desafio suficiente estudar uma nova área em outro idioma. No final, acabei validando meu estágio com atuações profissionais anteriores e passei satisfatoriamente nesta disciplina.

Paralelo ao mestrado também optei em realizar um processo profundo de autoconhecimento, assessorado por uma profissional especializada que atendia aos alunos da Universidade. Quantos desafios enfrentei nesta viagem interior!

Meses depois, entrei em uma crise profunda. Minha avó paterna faleceu e eu não pude retornar ao Brasil. Neste momento lembranças do passado se somaram a esse fato e eu entrei em colapso. Anos atrás, em meu primeiro mestrado, perdi meus avós maternos e meu pai. Agora estudando novamente, sofria outra perda importante.

Graças ao apoio da minha coach e seus conselhos, pude reagir e após esse fato, resgatei toda a minha força para concluir o mestrado. Voltei com tudo! Não media esforços para obter excelentes resultados nos estudos e assim foi até o fim.

Neste processo reaprendi a ser aluna, depois de ter passado tantos anos como professora. Acredito que essa vivência também contribuirá para que futuramente eu seja uma docente ainda melhor.

Além disso, constato que esses nove meses de mestrado foram realmente de estudos intensos, reflexões pessoais e eventualmente alguns passeios para conhecer a cidade e outras regiões circundantes. Meu tempo de lazer era realmente muito escasso, mas eu não me arrependo das minhas escolhas.

Pessoalmente aprendi a importância de exercitar o perdão e a gratidão. De quão valido é viajar pela própria história e retirar o que não serve mais para que novos voos possam ser alçados futuramente. Como amadureci com todas essas reflexões!

Diferente dos meus companheiros de mestrado, optei em morar sozinha, justamente porque queria ter esse ganho interno, no qual pude chegar através de muito silencio e meditação.

Na reta final do mestrado, parei com esse processo introspectivo e foquei exclusivamente em terminar as disciplinas até o final de maio de 2019. Depois de muitas noites sem dormir, consegui atingir o objetivo. Com isso, iniciava uma nova etapa, a de realizar a dissertação.

Dia após dia, durante trinta dias, eu e meu companheiro de trabalho escrevíamos sem parar. Quantos debates para chegarmos a um trabalho completo e relevante para o campo da museologia e museografia. Eu fiquei muito orgulhosa com o resultado! A consagração veio com a apresentação final e com os comentários positivos recebidos pelos avaliadores. Enfim, nós tínhamos conseguido!

Em julho de 2019, recebi oficialmente o título de Mestre em Gestão Cultural!

Com essa conquista, encerrei a primeira fase do meu intercâmbio.

 

(Continua futuramente no post: “Intercâmbio em Barcelona (P2)”

 

Intercambio en Barcelona (P1)

Por: Renata Mello

ESPAÑOL

Vivir temporalmente en otro país es un deseo recurrente de muchas personas. Las razones son diversas, entre ellas, sumergirse en una nueva cultura, aprender un nuevo idioma, conocer gente, hacer un posgrado o vivirlo todo simultáneamente.

Recientemente, la autora de este blog vivió esta experiencia y describirá en primera persona sus experiencias y su aprendizaje en dos publicaciones. El primer informe se puede ver a continuación:

El sueño de hacer un intercambio se acercó a mis veinte años, pero debido a algunos compromisos familiares, tuvo que posponerse. La idea original era estudiar inglés en Londres.

Pasaron los años y ese deseo parecía cada vez más imposible. Siempre estaba trabajando intensamente, dividiéndome entre proyectos y monitoreo de trabajos de arquitectura, añadidos a la enseñanza de algunas asignaturas en la facultad de arquitectura y diseño de interiores.

Estaba muy contenta con mi rutina loca, especialmente con la enseñanza. Me quedaba sorprendida con el progreso de mis alumnos. ¡Creo que era una profesora apasionada! Yo hacia de todo para que aprendieran y dejaran mis clases capacitados para trabajar en el mercado laboral.

Durante este período que trabajé como profesora, me transformé internamente. La asignatura en la que enseñé sobre el universo de los colores me cambió. Despertó viejos intereses que estaban inactivos. ¡Necesitaba hacer algo!

En ese momento, estaba en terapia y mi psicóloga me dijo: “¿Por qué no reanudas tu sueño de explorar el mundo y tener contacto con el universo cultural?”. En ese momento me sorprendió y luego seguí pensativa. Pensé que estaba demasiada mayor para lograr este sueño y ella me animó diciendome que no había una edad adecuada para hacer realidad los sueños.

Esta idea germinó durante tres años. Pensé en vivir en Canadá para estudiar inglés, pero decidí no seguir este camino. Luego apareció la posibilidad de estudiar un segundo máster y embarqué en este camino.

Entonces, elegí estudiar Gestión Cultural en la ciudad que siempre me ha encantado, Barcelona. Era una antigua relación de amor que nació en 2002 y desde el primer contacto con la ciudad, me quedé con el deseo de vivir en este lugar. ¿Cómo podría imaginarme que años más tarde estaría caminando por sus calles todos los días, disfrutando de la cocina mediterránea y otras peculiaridades de la cultura catalana?

El intercambio en realidad empezó después de ingresar en el proceso de selección del master. El 1 de octubre de 2019, llegué a Barcelona solita. En ese momento, solo sabía que estaba inscrita en la Universidad, pero no conocía a nadie y ni siquiera tenía un hogar para vivir. Los primeros días me quedé en un hotel.

Poco después, las clases comenzaron en medio de la búsqueda de vivienda, regularización de visas y otros asuntos burocráticos básicos. Tanta alegría, euforia y esperanza mezcladas con incertidumbre.

El primer mes me mudé a casa cinco veces, hasta que me instalé en una residencia de estudiantes donde me quedé hasta el final de mi experiencia. Los primeros treinta días fueron tan intensos que ni siquiera sentí muy bien lo que estaba pasando.

En la Universidad, el espíritu era muy alegre, ya que todos cumplían el sueño de hacer un posgrado. Había estudiantes de diferentes partes del mundo, principalmente de Latino America. ¡El ambiente era de puro intercambio cultural!

Paralelamente a este ambiente relajado, había un cierto miedo en mí para obtener un máster en español. Había estudiado el idioma entre mis 22 y 24 años y en ese momento tenía 38. Por eso, ya no me acordaba muchas estructuras gramaticales.

Para superar este desafío, tuve que estudiar MUCHO! Pasé innumerables fines de semana estudiando el nuevo contenido y cómo podría escribir esa información en español. Mis cuadernos siempre estaban en portugués y luego tuve que traducirlos. El desafío fue doble.

El segundo mes del intercambio fue uno de los más difíciles, porque en este momento realmente noté el cambio. Extrañaba mucho a mi familia, amigos y frijoles. ¡Si! Extrañé los frijoles. Esto fue bastante curioso, ya que en Brasil no era una consumidora habitual. Al principio no me sentía muy familiarizada con la comida y me dejó muy molesta. Lloré mucho!

Pasó el tiempo y poco a poco fui adaptandome a la nueva realidad. El extraño se volvió amigable y encantador. Conocí nuevos lugares y personas y comencé a construir historias afectivas.

En la universidad, la euforia inicial pasó y la seriedad se hizo cargo de los compañeros. Cada uno trató de hacer su trabajo de la mejor manera y aún algunos trataron de conciliar con las prácticas profesionales.

En ese momento, opté por llevar a cabo esta experiencia laboral más tarde, ya que era desafío suficiente estudiar una nueva área en otro idioma. Al final, terminé validando mis prácticas con actividades profesionales anteriores y pasé esta disciplina satisfactoriamente.

Paralelamente al máster, también opté por llevar a cabo un profundo proceso de autoconocimiento, asesorada por una profesional especializada que atendió a los estudiantes de la Universidad. ¡Cuántos desafíos enfrenté en este viaje interior!

Meses después, entré en una profunda crisis. Mi abuela paterna falleció y no pude regresar a Brasil. En ese momento, los recuerdos del pasado se sumaron a ese hecho y colapsé. Hace años, en mi primer máster, perdí a mis abuelos maternos y a mi padre. Ahora estudiando de nuevo, sufri otra pérdida importante.

Gracias al apoyo de mi coach y su consejo, pude reaccionar y después de eso, recuperé todas mis fuerzas para completar mi máster. Regresé con todo! Yo hice todo esfuerzo por obtener excelentes calificaciones en los estudios y así continuó hasta el final.

En este proceso aprendí a ser estudiante de nuevo, después de haber pasado tantos años como profesora. Creo que esta experiencia también contribuirá a hacerme una mejor profesional en el futuro.

Además, noto que estos nueve meses de máster fueron realmente de intensos estudios, reflexiones personales y hice también algunos viajes para conocer la ciudad y otras regiones circundantes. Mi tiempo libre era realmente escaso, pero no me arrepiento de mis elecciones.

Personalmente aprendí la importancia de ejercer el perdón y la gratitud. Cuán válido es viajar a través del su historia personal y eliminar lo que ya no sirve para poder tomar nuevos vuelos en el futuro. ¡Cómo maduré con todas estas reflexiones!

A diferencia de mis compañeros de máster, elegí vivir sola, precisamente porque quería tener este viaje de autoconocimiento, que pude alcanzar a través de mucho silencio y meditación.

En el tramo final de los estudios, detuve este proceso introspectivo y me concentré exclusivamente en terminar las asignaturas para fines de mayo de 2019. Después de muchas noches de insomnio, logré alcanzar la meta. Con eso, comenzó una nueva etapa, la de llevar a cabo la disertación.

Día tras día, durante treinta días, mi compañero de trabajo y yo escribimos sin parar. Cuántos debates para llegar a un trabajo completo y relevante para el campo de la museología y la museografía. ¡Estaba muy orgullosa del resultado! La consagración llegó con la presentación final y los comentarios positivos recibidos por los evaluadores. Habíamos superado con éxito este desafío.

¡En julio de 2019, recibí oficialmente el título de Máster en Gestión Cultural!

Con este logro, terminé la primera fase de mi intercambio.

(Continúa en el futuro post: “Intercambio en Barcelona (P2)”

Ser imigrante no século XXI

Por: Renata Mello

migration-3129340_1920

Imagem de Capri23auto por Pixabay

PORTUGUÊS

Viajar para terras distantes sempre foi uma prática humana, devido a necessidade de uma vida melhor, seja por fuga de um acidente natural, por guerras, por questões financeiras, por conquistas territoriais ou simplesmente pela curiosidade sobre o inusitado.

É certo que efetuar uma mudança geográfica ficou facilitada com a inserção de meios de transporte mais eficientes, como trens de alta velocidade e aviões. No entanto, dependendo da razão da viagem, nem sempre é possível chegar a nova terra almejada de maneira tranquila e confortável. De qualquer forma, sempre se exigiu muita coragem para se cruzar a fronteira do conhecido e se tornar um imigrante.

Ser um imigrante, dentro de uma visão poética, significa que seu coração se divide em dois territórios ou mais. Existe um forte amor pela terra natal e simultaneamente há uma outra parte afetiva que vai sendo construída neste novo lugar. Pouco a pouco a bagagem da partida contendo objetos e fotos que recordam a família e amigos se mesclam com outros elementos do novo mundo.

Viver em outro país sempre foi e será desafiador, pois se faz necessário deixar seu habitat confortável para se aventurar no desconhecido. Emoções como o medo e a euforia se mesclam constantemente. O porvir será auspicioso ou não, dependendo da sorte de cada um. No caminho haverá sempre pessoas que te apoiarão e outras que te desafiarão. De qualquer maneira, todas chegarão para te ensinar algo.

Nunca haverá uma idade adequada para passar por essa experiencia. Em qualquer fase da vida o desafio ocorrerá em menor ou maior grau. Nos primeiros anos de vida será mais fácil para se adaptar a vida local e apreender corretamente o idioma. Na juventude, o espírito estará mais aberto a romper com o estabelecido, podendo se tornar uma vantagem, mas também um perigo caso não possua uma base fortalecida de princípios.

Na fase adulta, às vezes, pode custar mais, pois já foram construídas algumas coisas na vida e os hábitos já foram consolidados. Em contrapartida, por haver mais maturidade é possível ganhar em experiencias mais profundas que podem transformar a alma. Tudo dependerá de cada pessoa.

Não importa a idade, sempre haverá ganhos e perdas. O velho território constantemente fica na memória enquanto o novo pouco a pouco vai presenteando amigos, te convidando a viver distintas experiencias e ampliando sua visão de mundo. Mesmo que um dia regresse, nunca mais será como antes.

Aprenderá também a encarar o preconceito! Infelizmente ele ainda existe e causa exclusões. As razões são diversas, seja pela raça, classe social, diferença cultural, enfim, um imigrante seguramente viverá em algum momento atos de preconceito e aprenderá a viver apesar disso.

Como benefício de todas essas vivencias receberá o fortalecimento do espírito e a expansão da consciência. Se estiver receptivo, poderá também descobrir um segredo escondido! Reconhecerá que todos os seres humanos são iguais, com sonhos e temores. Poderá entender que a divisão territorial é apenas uma ilusão e que para o amor entre as pessoas não existe fronteiras! Somos todos um!

Ser inmigrante en el siglo XXI

POR: Renata Mello

ESPAÑOL

Viajar a tierras lejanas siempre ha sido una práctica humana, debido a la necesidad de una vida mejor, ya sea por escapar de un accidente natural, guerras, problemas financieros, conquistas territoriales o simplemente por curiosidad sobre lo inusual.

Es cierto que hacer un cambio geográfico se hizo más fácil con la introducción de medios de transporte más eficientes, como los trenes de alta velocidad y los aviones. Sin embargo, dependiendo del motivo del viaje, no siempre es posible llegar a la nueva tierra deseada de una manera tranquila y cómoda. En cualquier caso, se necesitó mucho coraje para cruzar la frontera de lo conocido y convertirse en inmigrante.

Ser inmigrante, dentro de una visión poética, significa que su corazón está dividido en dos territorios o más. Hay un fuerte amor por la patria y al mismo tiempo hay otra parte afectiva que se está construyendo en este nuevo lugar. Poco a poco, el equipaje de salida que contiene objetos y fotos que recuerdan a familiares y amigos se mezcla con otros elementos del nuevo mundo.

Vivir en otro país siempre ha sido y será un desafío, ya que es necesario dejar su cómodo hábitat para aventurarse en lo desconocido. Emociones como el miedo y la euforia se mezclan constantemente. El futuro será auspicioso o no, dependiendo de la suerte de cada uno. En el camino siempre habrá personas que lo apoyarán y otros que lo desafiarán. De cualquier manera, todos vendrán a enseñarte algo.

Nunca habrá una edad adecuada para pasar por esta experiencia. En cualquier etapa de la vida, el desafío ocurrirá en mayor o menor grado. En los primeros años de vida será más fácil adaptarse a la vida local y aprender el idioma correctamente. En la juventud, el espíritu estará más abierto a romper con lo establecido, lo que puede convertirse en una ventaja, pero también en un peligro si no tiene una base de principios fortalecida.

En la edad adulta, a veces puede costar más, ya que algunas cosas ya fueron construidas  en la vida y los hábitos ya se consolidaron. Por otro lado, la persona con más madurez, puede obtener experiencias más profundas que llevan a transformación del alma. Todo dependerá de cada persona.

No importa la edad, siempre habrá ganancias y pérdidas. El antiguo territorio está constantemente en la memoria, mientras que el nuevo poco a poco está dando regalos como amigos, invitándolo a vivir diferentes experiencias y expandiendo su visión del mundo. Incluso si algún día regresa, nunca volverá a ser el mismo.

¡También aprenderás a enfrentar los prejuicios! Lamentablemente, todavía existe y causa exclusiones. Las razones son diversas, ya sea debido a la raza, clase social, diferencia cultural, en resumen, un inmigrante seguramente experimentará actos de prejuicio en algún momento y aprenderá a vivir a pesar de esto.

Como beneficio de todas estas experiencias, recibirás el fortalecimiento del espíritu y la expansión de la conciencia. Si eres receptivo, ¡también puedes descubrir un secreto oculto! Reconocerá que todos los seres humanos son iguales, con sueños y miedos. ¡Puedes entender que la división territorial es solo una ilusión y que para el amor entre las personas no hay fronteras! Todos somos uno!

Cultura, identidade e globalização

Por: Renata Mello
PORTUGUÊS
Este texto traz como desafio a reflexão sobre cultura, identidade e suas relações com o momento atual da globalização, onde as fronteiras comerciais e políticas estão mais abertas, permitindo maior intercâmbio entre os diferentes povos e seus costumes.
É importante saber que a palavra CULTURA vem do Latim e significa CULTIVO, sendo associada: a terra; ao desenvolvimento intelectual do indivíduo; as práticas comuns de um determinado grupo de pessoas; bem como a âmbitos religiosos, como o culto a Deus. Este termo abrange três linhas de atuação humana: a técnica (fazer), a prática (trabalhar) e a teoria (saber), segundo conceitos defendidos pela filósofa Remei Agullles Simó.
Através da cultura, o Homo Sapiens pôde criar meios de se adaptar ao meio natural e sobreviver de forma peculiar em relação aos demais animais do planeta. Desta forma, é possível afirmar que a natureza do Ser Humano se caracteriza pela associação de sua PARTE BIOLÓGICA ASSOCIADA AOS SEUS CULTIVOS – CULTURA.
Dependendo das demandas locais, das variáveis climáticas, das ofertas de alimentos, cada grupo de indivíduos foi se adaptando e criando gastronomias próprias, organizações sociais específicas, expressões artísticas singulares que estes julgavam serem as ideais para suas existências.
Somado a isso, o homem criou sistemas de signos através de mitos, linguagem, arte, ciência, religião e história, levando o filósofo alemão, Ernst Cassirer (1874-1945), a classificar o homem como “o animal simbólico”.
Estes códigos são de suma importância no processo de IDENTIDADE e PERTENCIMENTO das pessoas a um grupo ou nação, pois elas comungam de um mesmo idioma, de hábitos alimentares semelhantes, de crenças e expressões artísticas que refletem o seu mundo interior.
Tais códigos culturais são transmitidos através da educação formal e informal, perpetuando ao longo do tempo, as práticas linguísticas, as condutas sociais ou mesmo as festas populares. Esse processo, no entanto, não é estático, podendo se transformar pela adoção de novos valores e interesses ou mesmo com a chegada de imigrantes, que aportam outros costumes.
Um exemplo recente e ainda polêmico na Espanha está relacionado com as práticas de touradas. É curioso conhecer um pouco desta história e saber que os touros[1] eram considerados um símbolo de fertilidade pelos povos antigos do Mediterrâneo. Desta forma, as caçadas ocorriam antes dos matrimônios, quando o noivo matava o animal como pressagio de união próspera.
Ao longo dos séculos essa prática se consolidou na região Ibérica e no ano de 1135, começou a mudar a proposta original. Neste momento, passou a contar com a presença de um nobre toureiro em seu cavalo, alguns assistentes e o touro.  Somente no século XVIII que esta ação cultural se popularizou entre as classes sociais menos abastadas. Tendo como auge, o início do século XX, onde se transforma em paixão e identidade nacional. 
No entanto, no século XXI, os valores de parte dos espanhóis mudaram. Os jovens principalmente começaram a lutar contra os maus tratos destes animais[2], conseguindo extinguir esta prática secular de muitas cidades espanholas ou por vezes coibindo ações agressivas a esses animais. Em Barcelona, por exemplo, a antiga “Plaza de Toros” agora abriga um moderno Shopping, deixando somente a arquitetura exterior como registro de sua antiga atividade cultural.

bulls-2341110_960_720

Fonte da imagem: Pixabay – 2019
No que tange a imigração como forma de transformação cultural cabe também observar o caso de Barcelona. Desde 1992 com os Jogos Olímpicos, esta cidade veio se abrindo mais para os estrangeiros. Hoje é considerada a nona[3] capital cultural Europeia que recebe pessoas de todas as partes do mundo.
Por essa abertura, é possível facilmente encontrar caminhando por suas ruas, restaurantes de comida oriental, italiana, argentina, brasileira que vem somar aos hábitos gastronômicos já existentes. Existe a possibilidade de comer pratos típicos espanhóis cheios de frutos do mar, como a “paella”, mas também é ofertado sushi ou sashimi, próprio dos costumes japoneses.
A troca entre culturas não é uma novidade advinda da GLOBALIZAÇÃO[4]. Ao longo dos séculos, muitas pessoas migraram de seus países de origem devido a problemas climáticos, guerras, escassez de alimentos ou de água, sempre na esperança de melhores condições de vida.
E esse intercâmbio sempre aportou positivamente as culturas que as receberam, no entanto, o que se questiona atualmente é a intensidade da troca. O intercâmbio cultural não ocorre somente com a chegada dos imigrantes, mas também pelos meios de comunicação massivos, bem como pela entrada de importantes empresas transnacionais, que empregam seus produtos e costumes principalmente em países menos desenvolvidos do mundo ocidental. 
Os interesses políticos e econômicos estão a frente deste processo atual. No final do século XX e início do século XXI surge uma nova forma de dominação cultural, aquela que se instala lentamente através dos bens de consumo e das mídias, influenciando as dinâmicas culturais locais sem precedentes. Quais serão os impactos dessa influência econômica global sobre as culturas locais? A humanidade perderá suas singularidades em detrimento dos interesses financeiros de algumas nações? Fica algumas perguntas para reflexão.
É válido lembrar que essas diferenças de hábitos, costumes e crenças são patrimônio da humanidade e compõe a multiplicidade cultural. Cada nação se caracteriza por suas singularidades, contendo soluções distintas que podem ser percebidas ao transitar pelos diversos territórios do Planeta. Desta forma, caberá pesquisas acadêmicas e reflexões mais profundas sobre a globalização e suas influencias dentro das culturas locais, na ânsia por soluções que visem uma troca equilibrada e saudável entre as nações.
[1] Fonte: https://super.abril.com.br/saude/como-surgiu-a-tourada/. Acesso em 29/12/2018.
[2] Fonte: Lei na Espanha restringe violência nas touradas –  https://oglobo.globo.com/sociedade/lei-na-espanha-restringe-violencia-nas-touradas-21644468 . Acesso em 29/12/2018.
[3] Fonte: https://www.elperiodico.com/es/barcelona/20180402/clasificacion-capitales-culturales-europa-barcelona-madrid-6730105. Acesso em 29/12/2018.
[4] A Globalização é um termo elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação da integração econômica e política internacional, marcado pelo avanço nos sistemas de transporte e de comunicação. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-globalizacao.htm. Acesso em 29/12/2018.

 

Cultura, identidad y globalización

ESPAÑOL
Por: Renata Mello
Este texto trae como desafío la reflexión sobre cultura, identidad y sus relaciones con el momento actual de la globalización, donde las fronteras comerciales y políticas están más abiertas, permitiendo un mayor intercambio entre los diferentes pueblos y sus costumbres.
Es importante saber que la palabra CULTURA viene del Latín y significa CULTIVO, siendo asociada: la tierra; al desarrollo intelectual del individuo; las prácticas comunes de un determinado grupo de personas; así como a ámbitos religiosos, como el culto a Dios. Este término abarca tres líneas de actuación humana: la técnica (hacer), la práctica (trabajar) y la teoría (saber), según conceptos defendidos por la filósofa Remei Agullles Simó.
A través de la cultura, el Homo Sapiens pudo crear medios de adaptarse al medio natural y sobrevivir de forma peculiar en relación a los demás animales del planeta. De esta forma, es posible afirmar que la naturaleza del Ser Humano se caracteriza por la asociación de su PARTE BIOLÓGICA ASOCIADA A SUS CULTIVOS – CULTURA.
Dependiendo de las demandas locales, de las variables climáticas, de las ofertas de alimentos, cada grupo de individuos se fue adaptando y creando gastronomías propias, organizaciones sociales específicas, expresiones artísticas singulares que éstos creían que eran las ideales para sus existencias.
Además, el hombre creó sistemas de signos a través de mitos, lenguaje, arte, ciencia, religión e historia, llevando al filósofo alemán, Ernst Cassirer (1874-1945), a clasificar al hombre como “el animal simbólico”.
Estos códigos son de suma importancia en el proceso de IDENTIDAD y PERTENIMIENTO de las personas a un grupo o nación, pues ellas comunican de un mismo idioma, de hábitos alimentarios semejantes, de creencias y expresiones artísticas que reflejan su mundo interior.
Tales códigos culturales se transmiten a través de la educación formal e informal, perpetuando a lo largo del tiempo, las prácticas lingüísticas, las conductas sociales o incluso las fiestas populares. Este proceso, sin embargo, no es estático, pudiendo transformarse por la adopción de nuevos valores e intereses o incluso con la llegada de inmigrantes, que aporta otros costumbres.
Un ejemplo reciente y aún polémico en España está relacionado con las prácticas de corridas de toros. Es curioso conocer un poco de esta historia y saber que los toros[1] eran considerados un símbolo de fertilidad por los pueblos antiguos del Mediterráneo. De esta forma, las cacerías ocurrían antes de los matrimonios, cuando el novio mataba al animal como presagio de unión próspera.
A lo largo de los siglos esa práctica se consolidó en la región Ibérica y en el año 1135, comenzó a cambiar la propuesta original. En este momento, pasó a contar con la presencia de un noble torero en su caballo, algunos asistentes y el toro. Sólo en el siglo XVIII que esta acción cultural se popularizó entre las clases sociales menos favorecidas. Teniendo como auge, el inicio del siglo XX, donde se transforma en pasión e identidad nacional. 
Sin embargo, en el siglo XXI, los valores de parte de los españoles cambiaron. Los jóvenes principalmente comenzaron a luchar contra los malos tratos de estos animales[2], logrando extinguir esta práctica secular de muchas ciudades españolas o a veces cohibiendo acciones agresivas a esos animales. En Barcelona, ​​por ejemplo, la antigua “Plaza de Toros” ahora alberga un moderno Shopping, dejando sólo la arquitectura exterior como registro de su antigua actividad cultural.
bulls-2341110_960_720
Fonte da imagem: Pixabay – 2019
En lo que se refiere a la inmigración como forma de transformación cultural cabe también observar el caso de Barcelona. Desde 1992 con los Juegos Olímpicos, esta ciudad vino abriéndose más para los extranjeros. Hoy se considera la novena[3] capital cultural europea que recibe a personas de todas partes del mundo.
Por esa apertura, es posible fácilmente encontrar caminando por sus calles, restaurantes de comida oriental, italiana, argentina, brasileña que viene a sumar a los hábitos gastronómicos ya existentes. Hay una posibilidad de comer platos típicos españoles llenos de mariscos, como la “paella”, pero también se ofrece sushi o sashimi, propio de las costumbres japoneses.
El intercambio entre culturas no es una novedad proveniente de la GLOBALIZACIÓN[4]. A lo largo de los siglos, muchas personas han migrado de sus países de origen debido a problemas climáticos, guerras, escasez de alimentos o de agua, siempre en la esperanza de mejores condiciones de vida.
Y ese intercambio siempre aportó positivamente las culturas que las recibieron, sin embargo, lo que se cuestiona actualmente es la intensidad del intercambio. El intercambio cultural no ocurre sólo con la llegada de los inmigrantes, sino también por los medios de comunicación masivos, así como por la entrada de importantes empresas transnacionales, que emplean sus productos y costumbres principalmente en países menos desarrollados del mundo occidental.
Los intereses políticos y económicos están al frente de este proceso actual. A finales del siglo XX e inicio del siglo XXI surge una nueva forma de dominación cultural, aquella que se instala lentamente a través de los bienes de consumo y de los medios, influenciando las dinámicas culturales locales sin precedentes. ¿Cuáles serán los impactos de esa influencia económica global sobre las culturas locales? ¿La humanidad perderá sus singularidades en detrimento de los intereses financieros de algunas naciones? Hay algunas preguntas para la reflexión.
Es válido recordar que esas diferencias de hábitos, costumbres y creencias son patrimonio de la humanidad y compone la multiplicidad cultural. Cada nación se caracteriza por sus singularidades, conteniendo soluciones distintas que pueden ser percibidas al transitar por los diversos territorios del planeta.  
De esta forma, cabrá investigaciones académicas y reflexiones más profundas sobre la globalización y sus influencias dentro de las culturas locales, en el afán por soluciones que tengan un intercambio equilibrado y saludable entre las naciones.
[1] Fuente: https://super.abril.com.br/saude/como-surgiu-a-tourada/. Visitado en 29/12/2018.
[2] Fuente: Lei na Espanha restringe violência nas touradas –  https://oglobo.globo.com/sociedade/lei-na-espanha-restringe-violencia-nas-touradas-21644468 . Visitado en 29/12/2018.
[3] Fuente: https://www.elperiodico.com/es/barcelona/20180402/clasificacion-capitales-culturales-europa-barcelona-madrid-6730105 . Visitado en 29/12/2018.
[4]“La Globalización es un término elaborado en la década de 1980 para describir el proceso de intensificación de la integración económica y política internacional, marcado por el avance en los sistemas de transporte y de comunicación”. Traducción nuestra [4] A Globalização é um termo elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação da integração econômica e política internacional, marcado pelo avanço nos sistemas de transporte e de comunicação. Fuente: https://brasicascola.uol.com.br/o-que-y/geografía/o-que-e-globalizacion.htm . Visitado en 29/12/2018.