Intercâmbio em Barcelona (P1)

Por: Renata Mello

DSCN0825

Foto: Arquivo pessoal – Renata Mello, 2019

PORTUGUÊS

Morar temporariamente em outro país é o desejo recorrente de muitas pessoas. As razões são diversas, dentre elas, o de imergir em uma nova cultura, o de aprender um novo idioma, o de conhecer pessoas, o de realizar um curso de aperfeiçoamento ou de viver tudo isso simultaneamente.

Recentemente, a autora deste blog vivenciou essa experiencia e descreverá em primeira pessoa, suas vivencias e aprendizados em dois posts! O primeiro relato pode ser conferido a seguir:

O sonho de realizar um intercâmbio surgiu próximo aos meus vinte e poucos anos, mas devido a alguns compromissos familiares teve que ser adiado. A ideia original era estudar inglês em Londres.

Os anos passaram e esse desejo parecia cada vez mais impossível. Eu vivia trabalhando intensamente, me dividindo entre projetos de arquitetura, acompanhamentos de obra somados a ministrar algumas disciplinas na faculdade de arquitetura e design de interiores.

Eu estava muito contente com minha louca rotina, principalmente com a docência. Ficava maravilhada com o progresso dos meus alunos. Acho que era uma professora apaixonada! Não media esforços para que eles aprendessem e saíssem das minhas aulas empoderados para atuarem no mercado de trabalho.

Durante esse período que atuei como docente, me transformei internamente. A disciplina na qual ensinava sobre o universo das cores, mexeu comigo. Despertou antigos interesses que estavam adormecidos. Eu precisava fazer algo!

Na época eu fazia terapia e minha psicóloga me disse: “Por que não retoma seu sonho de desbravar o mundo e de ter contato com o universo cultural?”. Na hora fiquei espantada e depois segui pensativa. Imaginava que não tinha mais idade para isso e ela me incentivou dizendo que não havia idade adequada para realizar sonhos.

Durante três anos fiquei germinando essa ideia. Pensei em morar no Canadá para estudar inglês, mas desisti. Depois surgiu a possibilidade de estudar um segundo mestrado e eu embarquei por esse caminho.

Então, escolhi estudar Gestão Cultural na cidade que sempre me encantou, Barcelona. Era uma relação antiga de amor que nasceu em 2002 e desde o primeiro contato com a cidade, fiquei com o desejo de morar neste lugar. Como poderia imaginar que anos depois eu estaria diariamente circulando por suas ruas, desfrutando da gastronomia mediterrânea e de outras particularidades da cultura catalã.

O intercâmbio efetivamente começou depois que passei no processo seletivo para realizar um mestrado universitário. Em primeiro de outubro de 2019, cheguei sozinha a Barcelona. Nessa ocasião, sabia somente que estava matriculada na Universidade, porém não conhecia ninguém e tampouco tinha casa para morar. Os primeiros dias me hospedei em um hotel.

Pouco tempo depois, as aulas começaram em meio a busca por residência, regularização de visto e outras questões burocráticas de base. Quanta alegria, euforia e esperança misturada a incertezas.

O primeiro mês mudei de casa cinco vezes, até me fixar em uma residência de estudantes na qual permaneci até o final da minha experiencia. Os primeiros trinta dias foram tão intensos que nem senti muito bem o que estava acontecendo.

Na Universidade o espírito era de muita alegria, pois todos estavam realizando o sonho da pós-graduação. Havia alunos de diversas partes do mundo, principalmente originários da América Latina. O clima era de puro intercâmbio cultural!

Paralelo a essa atmosfera de descontração, residia em mim um certo temor em relação a conseguir realizar um mestrado em espanhol. Eu havia estudado o idioma entre meus 22 e 24 anos e naquele momento estava com 38. É fato que já não me recordava de muitas estruturas gramaticais.

Para superar esse desafio, tive que estudar MUITO! Passei inúmeros finais de semana estudando os novos conteúdos e em como poderia escrever essas informações em espanhol.  Meus cadernos sempre estavam em português e depois tinha que traduzi-los. O desafio foi em dobro.

O segundo mês do intercambio foi um dos mais difíceis, pois neste momento percebi efetivamente a mudança. Literalmente a “ficha caiu”! Sentia muita falta da família, dos amigos e do feijão. Exatamente como você está lendo, eu senti saudades do feijão. Isso foi bastante curioso, uma vez que no Brasil eu não era uma consumidora assídua. No início não sentia muita familiaridade com a comida e isso me deixava bastante abalada. Chorava muito!

O tempo passou e pouco a pouco fui me adaptando a nova realidade. O desconhecido se tornou amigável e encantador. Conheci novos lugares e pessoas e comecei a construir histórias afetivas.

Na faculdade, a euforia inicial passou e a seriedade tomou conta dos companheiros de estudo. Cada um tentou fazer da melhor forma seus trabalhos e ainda alguns tentaram conciliar com os estágios.

Naquele momento, optei em realizar posteriormente essa experiencia laboral, pois já era desafio suficiente estudar uma nova área em outro idioma. No final, acabei validando meu estágio com atuações profissionais anteriores e passei satisfatoriamente nesta disciplina.

Paralelo ao mestrado também optei em realizar um processo profundo de autoconhecimento, assessorado por uma profissional especializada que atendia aos alunos da Universidade. Quantos desafios enfrentei nesta viagem interior!

Meses depois, entrei em uma crise profunda. Minha avó paterna faleceu e eu não pude retornar ao Brasil. Neste momento lembranças do passado se somaram a esse fato e eu entrei em colapso. Anos atrás, em meu primeiro mestrado, perdi meus avós maternos e meu pai. Agora estudando novamente, sofria outra perda importante.

Graças ao apoio da minha coach e seus conselhos, pude reagir e após esse fato, resgatei toda a minha força para concluir o mestrado. Voltei com tudo! Não media esforços para obter excelentes resultados nos estudos e assim foi até o fim.

Neste processo reaprendi a ser aluna, depois de ter passado tantos anos como professora. Acredito que essa vivência também contribuirá para que futuramente eu seja uma docente ainda melhor.

Além disso, constato que esses nove meses de mestrado foram realmente de estudos intensos, reflexões pessoais e eventualmente alguns passeios para conhecer a cidade e outras regiões circundantes. Meu tempo de lazer era realmente muito escasso, mas eu não me arrependo das minhas escolhas.

Pessoalmente aprendi a importância de exercitar o perdão e a gratidão. De quão valido é viajar pela própria história e retirar o que não serve mais para que novos voos possam ser alçados futuramente. Como amadureci com todas essas reflexões!

Diferente dos meus companheiros de mestrado, optei em morar sozinha, justamente porque queria ter esse ganho interno, no qual pude chegar através de muito silencio e meditação.

Na reta final do mestrado, parei com esse processo introspectivo e foquei exclusivamente em terminar as disciplinas até o final de maio de 2019. Depois de muitas noites sem dormir, consegui atingir o objetivo. Com isso, iniciava uma nova etapa, a de realizar a dissertação.

Dia após dia, durante trinta dias, eu e meu companheiro de trabalho escrevíamos sem parar. Quantos debates para chegarmos a um trabalho completo e relevante para o campo da museologia e museografia. Eu fiquei muito orgulhosa com o resultado! A consagração veio com a apresentação final e com os comentários positivos recebidos pelos avaliadores. Enfim, nós tínhamos conseguido!

Em julho de 2019, recebi oficialmente o título de Mestre em Gestão Cultural!

Com essa conquista, encerrei a primeira fase do meu intercâmbio.

 

(Continua futuramente no post: “Intercâmbio em Barcelona (P2)”

 

Intercambio en Barcelona (P1)

Por: Renata Mello

ESPAÑOL

Vivir temporalmente en otro país es un deseo recurrente de muchas personas. Las razones son diversas, entre ellas, sumergirse en una nueva cultura, aprender un nuevo idioma, conocer gente, hacer un posgrado o vivirlo todo simultáneamente.

Recientemente, la autora de este blog vivió esta experiencia y describirá en primera persona sus experiencias y su aprendizaje en dos publicaciones. El primer informe se puede ver a continuación:

El sueño de hacer un intercambio se acercó a mis veinte años, pero debido a algunos compromisos familiares, tuvo que posponerse. La idea original era estudiar inglés en Londres.

Pasaron los años y ese deseo parecía cada vez más imposible. Siempre estaba trabajando intensamente, dividiéndome entre proyectos y monitoreo de trabajos de arquitectura, añadidos a la enseñanza de algunas asignaturas en la facultad de arquitectura y diseño de interiores.

Estaba muy contenta con mi rutina loca, especialmente con la enseñanza. Me quedaba sorprendida con el progreso de mis alumnos. ¡Creo que era una profesora apasionada! Yo hacia de todo para que aprendieran y dejaran mis clases capacitados para trabajar en el mercado laboral.

Durante este período que trabajé como profesora, me transformé internamente. La asignatura en la que enseñé sobre el universo de los colores me cambió. Despertó viejos intereses que estaban inactivos. ¡Necesitaba hacer algo!

En ese momento, estaba en terapia y mi psicóloga me dijo: “¿Por qué no reanudas tu sueño de explorar el mundo y tener contacto con el universo cultural?”. En ese momento me sorprendió y luego seguí pensativa. Pensé que estaba demasiada mayor para lograr este sueño y ella me animó diciendome que no había una edad adecuada para hacer realidad los sueños.

Esta idea germinó durante tres años. Pensé en vivir en Canadá para estudiar inglés, pero decidí no seguir este camino. Luego apareció la posibilidad de estudiar un segundo máster y embarqué en este camino.

Entonces, elegí estudiar Gestión Cultural en la ciudad que siempre me ha encantado, Barcelona. Era una antigua relación de amor que nació en 2002 y desde el primer contacto con la ciudad, me quedé con el deseo de vivir en este lugar. ¿Cómo podría imaginarme que años más tarde estaría caminando por sus calles todos los días, disfrutando de la cocina mediterránea y otras peculiaridades de la cultura catalana?

El intercambio en realidad empezó después de ingresar en el proceso de selección del master. El 1 de octubre de 2019, llegué a Barcelona solita. En ese momento, solo sabía que estaba inscrita en la Universidad, pero no conocía a nadie y ni siquiera tenía un hogar para vivir. Los primeros días me quedé en un hotel.

Poco después, las clases comenzaron en medio de la búsqueda de vivienda, regularización de visas y otros asuntos burocráticos básicos. Tanta alegría, euforia y esperanza mezcladas con incertidumbre.

El primer mes me mudé a casa cinco veces, hasta que me instalé en una residencia de estudiantes donde me quedé hasta el final de mi experiencia. Los primeros treinta días fueron tan intensos que ni siquiera sentí muy bien lo que estaba pasando.

En la Universidad, el espíritu era muy alegre, ya que todos cumplían el sueño de hacer un posgrado. Había estudiantes de diferentes partes del mundo, principalmente de Latino America. ¡El ambiente era de puro intercambio cultural!

Paralelamente a este ambiente relajado, había un cierto miedo en mí para obtener un máster en español. Había estudiado el idioma entre mis 22 y 24 años y en ese momento tenía 38. Por eso, ya no me acordaba muchas estructuras gramaticales.

Para superar este desafío, tuve que estudiar MUCHO! Pasé innumerables fines de semana estudiando el nuevo contenido y cómo podría escribir esa información en español. Mis cuadernos siempre estaban en portugués y luego tuve que traducirlos. El desafío fue doble.

El segundo mes del intercambio fue uno de los más difíciles, porque en este momento realmente noté el cambio. Extrañaba mucho a mi familia, amigos y frijoles. ¡Si! Extrañé los frijoles. Esto fue bastante curioso, ya que en Brasil no era una consumidora habitual. Al principio no me sentía muy familiarizada con la comida y me dejó muy molesta. Lloré mucho!

Pasó el tiempo y poco a poco fui adaptandome a la nueva realidad. El extraño se volvió amigable y encantador. Conocí nuevos lugares y personas y comencé a construir historias afectivas.

En la universidad, la euforia inicial pasó y la seriedad se hizo cargo de los compañeros. Cada uno trató de hacer su trabajo de la mejor manera y aún algunos trataron de conciliar con las prácticas profesionales.

En ese momento, opté por llevar a cabo esta experiencia laboral más tarde, ya que era desafío suficiente estudiar una nueva área en otro idioma. Al final, terminé validando mis prácticas con actividades profesionales anteriores y pasé esta disciplina satisfactoriamente.

Paralelamente al máster, también opté por llevar a cabo un profundo proceso de autoconocimiento, asesorada por una profesional especializada que atendió a los estudiantes de la Universidad. ¡Cuántos desafíos enfrenté en este viaje interior!

Meses después, entré en una profunda crisis. Mi abuela paterna falleció y no pude regresar a Brasil. En ese momento, los recuerdos del pasado se sumaron a ese hecho y colapsé. Hace años, en mi primer máster, perdí a mis abuelos maternos y a mi padre. Ahora estudiando de nuevo, sufri otra pérdida importante.

Gracias al apoyo de mi coach y su consejo, pude reaccionar y después de eso, recuperé todas mis fuerzas para completar mi máster. Regresé con todo! Yo hice todo esfuerzo por obtener excelentes calificaciones en los estudios y así continuó hasta el final.

En este proceso aprendí a ser estudiante de nuevo, después de haber pasado tantos años como profesora. Creo que esta experiencia también contribuirá a hacerme una mejor profesional en el futuro.

Además, noto que estos nueve meses de máster fueron realmente de intensos estudios, reflexiones personales y hice también algunos viajes para conocer la ciudad y otras regiones circundantes. Mi tiempo libre era realmente escaso, pero no me arrepiento de mis elecciones.

Personalmente aprendí la importancia de ejercer el perdón y la gratitud. Cuán válido es viajar a través del su historia personal y eliminar lo que ya no sirve para poder tomar nuevos vuelos en el futuro. ¡Cómo maduré con todas estas reflexiones!

A diferencia de mis compañeros de máster, elegí vivir sola, precisamente porque quería tener este viaje de autoconocimiento, que pude alcanzar a través de mucho silencio y meditación.

En el tramo final de los estudios, detuve este proceso introspectivo y me concentré exclusivamente en terminar las asignaturas para fines de mayo de 2019. Después de muchas noches de insomnio, logré alcanzar la meta. Con eso, comenzó una nueva etapa, la de llevar a cabo la disertación.

Día tras día, durante treinta días, mi compañero de trabajo y yo escribimos sin parar. Cuántos debates para llegar a un trabajo completo y relevante para el campo de la museología y la museografía. ¡Estaba muy orgullosa del resultado! La consagración llegó con la presentación final y los comentarios positivos recibidos por los evaluadores. Habíamos superado con éxito este desafío.

¡En julio de 2019, recibí oficialmente el título de Máster en Gestión Cultural!

Con este logro, terminé la primera fase de mi intercambio.

(Continúa en el futuro post: “Intercambio en Barcelona (P2)”

Publicidade