Categoria: Poesias
Poesia: Viver deixa marcas
Por: Renata Mello
Conforme os dias passam,
E as folhas do calendário caem,
Vamos deixando as nossas marcas,
E também recebendo outras.
Nossos primeiros traços…
O choro que ecoa na maternidade;
O pezinho registrado no teste;
E a mão pintada na escola.
O rosto com formas arredondadas,
Demonstram nossa jovialidade,
Inexperiência,
Curiosidade.
Marcas roxas aparecem,
Pelo jogo de queimada,
Volei,
Ou por outra aventura.
Às vezes surge, um joelho ralado,
Uns pontos na testa,
Uns dentes quebrados,
Por mais algumas estripulias…
Mas isso não intimida.
Não nessa fase de descobertas.
Da cara lisinha.
Do sorriso inocente.
Muitos calendários são trocados.
O rosto modificado,
O olhar mais maduro,
O sorriso mutável.
A impressão digital estampada,
Em documentos com fotos,
Retratam que o tempo passou,
E que algumas pegadas já ficaram para trás.
Nossa! Quantas histórias…
Que marcaram por intensidade,
E por emoções,
Ora de alegria, Ora de tristeza.
Como nos transformamos!
Variações que nos ajustam…
E nos desajustam…
Uma constante mudança.
Acho que viver é isso.
As certezas virando dúvidas.
As dúvidas… certeza.
Uma dualidade constante.
Loucura?
Talvez!
Mas assim amadurecemos,
Somando as marcas.
Marcas que contam histórias,
De amores,
Aventuras,
Amizades,
Viagens…
A cada ano que chega,
Renovam-se as possibilidades,
De estampar as nossas ideias,
Os nossos sonhos.
Em palavras,
Em desenhos,
Em poemas,
Em canções.
Isso terá fim?
Acho que não.
Pois esses vestígios.
Eternizam-nos.
Poesia: Caravaggio
Por: Renata Mello
Seu olhar cuidadoso,
Capta a beleza natural,
Destacando a luz e a sombra,
Da humanidade.
Talento de menino,
Aperfeiçoado no tempo,
Registra cenas autênticas,
Eternizado-as em suas pinceladas.
Modelos reais,
Compõem os seus trabalhos,
Transformando os mundanos,
Em santos.
Retrata os irretratáveis,
E mostra seus rostos,
Seus sofrimentos,
Suas dores.
Defende suas ideias,
Tem sede de justiça,
Luta com suas próprias mãos,
Sofre por isso.
Precisa fugir,
Para se preservar.
Mas sua essência,
Nunca muda.
Um nobre cavaleiro,
Que guerreia até o fim,
Deixando para trás,
O realismo de uma lágrima.
Poesia: Flores
Por: Renata Mello
Apenas são!
Extremamente belas.
Simplesmente sensacionais.
Sensibilidade extremada.
Obras perfeitas.
Surpreendente nas formas.
Sutileza nos detalhes.
Arrojadas nas cores.
Beleza que encanta.
Delicadeza que seduz.
Vibram positivamente.
Causam fascínio.
Seres da Abundância.
Da magnitude.
Do amor.
Da luz.
Únicas e cativantes.
Divinas por natureza.
Transmutam perante os olhos.
Modificam-se com o tempo.
Raras ou abundantes.
Necessitam de cuidados.
Pedem com delicadeza.
Para serem cultivadas.
Oferecem seu perfume.
Presenteiam com as cores.
Acariciam ao tocá-las.
Conquistam no silêncio.
Energia poderosa.
Que transforma os corações.
Ilumina os olhares.
Une as pessoas.
Poesia: Arquiteto
Por: Renata Mello
O artista completo!
O desafiador do belo.
Da expressão pura das artes.
Da sintetização de todas elas.
Um maestro que rege a orquestra.
Que domina o conjunto de magia.
Com harmonia e equilíbrio.
Com dedicação e disciplina.
Um músico que desvenda o silêncio.
Que revela o som adormecido.
Que brinca com as notas.
E faz dos intervalos sua composição.
Um poeta que trabalha com as palavras.
Para apresenta sua intenção.
Às vezes objetiva.
Às vezes não.
Um escultor que elabora o barro.
Que trabalha com as mãos.
Que modela.
Que encanta.
Um ourives que lapida um metal.
Que apresenta o precioso.
Com graça e encanto.
Com design e formosura.
Um pintor que maneja seu pincel.
Quebrando o branco do plano.
Que às vezes restringe.
Mas que desafia.
Um dançarino que se movimenta no espaço.
Que absorve o som.
Que vibra.
Que delineia formas.
Assim o arquiteto começa.
Experimentando.
Amadurecendo.
Compreendendo.
Com apenas um simples lápis.
Umas linhas soltas aparecem no papel.
E revela o que estava escondido.
A alma do espaço aparece.
Do solo nasce quase que espontaneamente.
De forma naturalmente orgânica.
Através de texturas e planos.
A beleza.
A música toca.
A luz encanta.
O vento percorre.
Um novo espaço está surgindo.
Um ritmo novo marca presença.
Uma visão de mundo nasce.
Quase que espontaneamente.
Depois de inspiração e suor.
O espaço antes adormecido.
Em outro plano.
Nas mãos de um criador.
Agora vive.
Vibra.
Emociona.
Se expressa.
Seduz.
As pessoas aparecem.
Descobrem.
Interagem.
Socializam.
A obra agora é coletiva.
As histórias começam a ser traçadas.
As intenções são reveladas.
A diversidade preservada.
A qualidade de vida acontece.
Expressada através de respeito.
Da universalização.
Da sustentabilidade.
Na contemplação da obra construída.
O arquiteto agora se despede.
Para poder almejar novos vôos.
E fazer outras alquimias.