Piet Mondrian e o De Stijl

O amadurecimento artístico do pintor, somado ao contexto histórico e contato com as produções de artistas como Picasso, contribuíram para que suas obras buscassem o essencial formal que influenciaram as produções do movimento de arte De Stijl.

Por: Renata Mello

  Obra: Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto, cinza e azul (1921)
Foto: Renata Mello

O pintor Mondrian nascido em 1872, vivenciou um período de intensas transformações sociais, tecnológicas, urbanas e duas grandes guerras mundiais ao longo dos seus 72 anos. No início seus trabalhos foram pinturas figurativas, representando principalmente as paisagens da Holanda e pessoas. Com a evolução das máquinas, o uso dos automóveis, as cidades criaram um novo ritmo, mais acelerado, mais industrial que impactou fortemente na produção artística de diversos países, como a França, onde se destacaram pintores como Vincent Van Gogh, George Seurat e Pablo Picasso que buscaram responder através da arte, as novas realidades.

Mondrian teve contato diretamente com essas produções de vanguarda e imergiu mais fortemente nesse contexto quando residiu em Paris entre 1912 e 1914.  Três anos depois, o artista assumiu completamente a linguagem cubista como a nova plástica (Neoplasticismo), buscando identificar o essencial, retratado a partir desse momento, por linhas no sentido vertical e horizontal, compondo por vezes, uma malha que formava quadrados e retângulos que foram intencionalmente destacados com o uso das cores primárias e neutras, como o preto, o cinza e o branco.  A partir de 1917, portanto, suas obras comungam com o ritmo acelerado da sociedade atual e se tornam totalmente abstratas.

Neste mesmo ano, Mondrian se associa com outros artistas, arquitetos e designers holandeses para criar uma revista a De Stijl que se torna um movimento de arte, no qual foram debatidas as novas linguagens para a publicidade, fotografia, arquitetura, mobiliário e pintura.

Dentre as produções do grupo, pode-se destacar a casa Rietveld Schröder em Utrecht, projetada por Gerrit Rietveld, a obra arquitetônica holandesa desse período que adotou a simplificação das formas, destacando as linhas essenciais e que fez uso do vermelho, azul e amarelo, com uma linguagem visual similar as obras de Mondrian. Essa casa possuia amplas janelas que conectavam o interior e o exterior, melhorando as condições de iluminação natural. As paredes internas eram compostas por painéis móveis que podiam ser articulados conforme as necessidades de privacidade dos moradores.

A seguir, a maquete desta casa neoplasticista e a cadeira “Vermelho e Azul” que compunha a decoração interna.

Maquete da Casa Rietveld Schröder (1924)
Foto: Renata Mello
Cadeira Vermelho e Azul criada por Gerrit Rietveld (1923)
Foto: Renata Mello

A partir da cadeira de Rietveld é possível notar, que os móveis da residência foram desenhados para dialogar com o conjunto, ou seja, arquitetura, arte e mobiliário compartilham o mesmo princípio: o de buscar o essencial, com uma linguagem formal em que se destacam as linhas chaves da composição e que se utilizam das cores primárias e neutras, criando com isso uma importante base para a cultura moderna holandesa do século XX. 

Publicidade